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Revista Junguiana 13

Revista Junguiana 13 – Violência

Herói e Violência

Fernando Cesar R. Cavalheiro

revista junguianaO artigo versa sobre a relação herói e violência. Inicialmente, após discriminar o conceito de violência e de agressividade, enfoca a relação do herói com a natureza e com a cultura. Com esta última vemos como a cultura/pai tenta, a princípio através dos mitos de abundância e bem estar, entreter o herói, o que caracteriza sua passagem a ídolo. Num segundo momento lança mão do simulacro, retirando-lhe a função. Introverte-o, defensivamente, como forma de proteção do psiquismo atacado, levando a libido inicialmente de volta ao ego, narcisismo defensivo, e posteriormente aos arquétipos, psicose defensiva. Propõe-se uma estratégia do herói de retorno à luta, de forma silenciosa, implodindo, ecoando a sociedade narcísica, da simulação, remetenda a si mesma, levando a uma tomada de cosnciência através de implosões em pequenos núcleos.

 

Jung, Rousseau: A Questão do Mal

Amnéris Marone

Como o ocidente-cristão enfrentou a questão do mal? Jean Jacques Rousseau expulsou o mal para a sociedade. Na teodicéia rousseauniana Deus é desculpado e a responsabilidade dos males cabe unicamente ao homem, vale dizer, ao homem em relação, ao homem-vivendo-em-sociedade. Rousseau situou o problema num terreno inteiramente novo, fazendo-o passar do plano da matafísica para o centro da ética e da política. Não por acaso, Rousseau inspirou com maior ou menor força todas as práticas revolucionárias desde o século XVII. ‘Expulsar o mal’ para a sociedade e isentar o homem em sua ‘natureza original’ é tudo que Jung não quer. Jung recusa a idéia (rousseauniana) de que o ‘homem nasce bom’ e a ‘sociedade o corrompe’. Aliás, para Jung, a natureza não é o lugar da bondade humana. É no indivíduo – e não na sociedade – que recai a ênfase da construção junguiana. Jung convida-nos a conviver com o mal, a reconhecer-lhe a realidade. Jung propõe uma atitude de responsabilidade para com o mal. O psicólogo suiço reinventou a conhece-te a ti mesmo socrático. Ao agir assim, reiventou o próprio indivíduo, doravante solicitado a levar em conta, através do diálogo com o ego-consciência, o seu mundo arquetípico e/ou imaginal.

 

Atropelar: Uma Conduta das Grandes Cidades

Liliana L. Wahba

Discute-se no artigo a relação das pessoas na sociedade, quando comportamentos com características sombrias egocêntricas, hostis e evasivas são prioritários. A conduta no trânsito é uma realidade e uma metáfora desse tipo de comportamento. Espera-se que o entendimento do processo de individuação ajude as pessoas a ampliarem sua consciência, podendo atuar diferenciadamente dentro da coletividade.

 

Violência Conjugal: Um Paradoxo a Ser Investigado

Vandas Lúcia Di Iorio Benedito

Este trabalho se propõe a discutir e analisar a violência conjugal a partir de um quadro complementar patológico, tendo como referência alguns aspectos da estruturação narcisista e borderline dos cônjuges.

 

Sobre o Terceiro Mundo: Um Símbolo de Subdesenvolvimento

Eloisa M. Damasco Penna

Neste artigo o autor propõem uma reflexão sobre o ‘Terceiro Mundo’ como um símbolo de subdesenvolvimento. Analisa os aspectos criativos e defensivos deste símbolo, assim como o intrincado interjogo dos dinamismos de consciência, em nossa cultura, promovendo e impedindo nosso desenvolvimento ao longo do processo de individuação coletiva do povo brasileiro. Questiona ainda o significado do subdesenvolvimento e aponta a revisão e o resgate tanto das impossibilidades como das possibilidades de crescimento como a única saída num mundo pós-patriarcal.

 

A Grande Deusa e a Emergência do Masculino

Maria Zélia de Alvarenga

O autor propõe uma releitura do mito de criação grego situando o Kaos como self primordial gerando por autogamia e dando origem a Géia. Géia, a grande Deusa, é andrógina. A seguir, o autor serve-se dos conceitos de bioenergias correlacionando-as com os padrões da consciência em seus níveis: corporal, mental, espiritual e cósmico.

 

A Perspectiva Simbólica do Espectro Obsessivo Compulsivo: O Projeto de Freud Revistado Pelo Arquétipo de Jung

Carlos Amadeu B Byngton

O autor aborda o espectro obssessivo-compulsivo através da dimensão simbólica e arquetípica enraizada em três vertentes: neurológica, psico-farmacológica, e psicodinâmica. Associa os dinamismos arquetípicos matriarcal, patriarcal, de alteridade e de totalidade com estruturas e funções do sistema nervoso. A seguir o autor retoma a hipótese de Katz (1991), segundo a qual o TOC apresenta um distúrbio do processo de repressão (Freud), possivelmente por uma disfunção neuro-química, envolvendo neuro-transmissores, principalmente a Serotonina. A interpretação arquetípica desta função é a debilitação da função de delimitação, de organização e de contenção do Arquétipo Patriarcal, que compromete a eficácia de todo o quadro defensivo e configura sua exuberância sintomática projetiva e ritualizadora num esforço para suprir a deficiência. O autor tece considerações sobre a ineficiência da psicoterapia dinâmica exclusivamente verbal no TOC e a relativa eficiência da Terapia Comportamental Cognitiva e argumenta que a associação destas duas teorias através do conceito de técnicas expressivas poderá contribuir com maior eficiência no tratamento não só do TOC, como das fobias e da síndrome do pânico, desde que seja exercido dentro de um enfoque simbólico e arquetípico que inclua a relação terapêutica no nível transferencial criativo e defensivo.