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Nossas Ludmilas

Nossas Ludmilas

Nossas Ludmilas

O nome Ludmila é de origem eslava. É formado por dois elementos lyud, “povo”, “população” e mil, “graciosa”, “querida”, portanto, significa a amada pelo povo, querida pelo povo, a favor do povo.

No Brasil do espanto, recentemente testemunhamos algo inédito e assustador:  a médica Ludmila Hajjar recebeu pelo WhatsApp mensagens ofensivas, ameaças de morte, culminando em tentativa de invadir o hotel em que se alojava em Brasília para o encontro com o presidente a respeito do ministério da Saúde.

Não bastasse o desacordo em torno de medidas urgentes para enfrentar a pandemia – o que ocasionou sua recusa em aceitar o cargo -, tais como, protocolos unificados, centralização de ações para estados e municípios, ativação de leitos, isolamento social, vacinação em massa, aceitar a ineficácia de cloroquina e ivermectina para prevenir infecção por Covid, a politização criminosa da ciência a tornou alvo das falanges do ódio.

Em um passe de malabarismo mental produto de necrofilia, aquela que é, de fato, a favor do povo, se transforma em sua inimiga. Há uma patologia social que contamina como um vírus psicológico que produz alienação e dissociação psíquica, com agravamento de estados regressivos primitivos carregados de impulsos violentos de raiva e ressentimento explosivo, cujo alvo é o tradicional bode expiatório: aquele grupo que impede o progresso e a liberdade.

Progresso este paralisado desde antes da pandemia, pouco importa, agora há uma justificativa. Adquirir armas equivale a liberdade, se aglomerar sem máscaras também, devastar o ambiente é mero negócio, há terras demais; animais morrem, logo se reproduzem. Os argumentos escapam a qualquer lógica, mas os fanáticos desprezam  a lógica. Aqueles que os encabeçam, entretanto, são extremamente lógicos: perseguem a destruição de tudo que se interponha em seu caminho de ganância e de oportunismo criminoso.

E assim, perdemos nossa Ludmila, que há de continuar em sua jornada a favor da saúde sem, entretanto, ocupar o cargo que lhe permitiria ampliá-la a favor do bem comum.

Homenageemos as ludmilas pesquisadoras e profissionais brasileiras às quais a Dra Hajjar foi impedida de se unir. Ester Sabino (médica imunologista), Jaqueline Góes de Jesus (bioquímica), Ho Yeh Li (médica doenças infecciosas), Paola Resende (bióloga), Marta Giovanetti, Márcia Castro (demógrafa), Mônica Calazans (enfermeira), Nísla Trindade Lima (pesquisadora e gestora – Fiocruz), Ana Marisa Chudzinski- Tavassi (cientista – Instituto Butantan), Patrícia Ellen da Silva (economista), Mellanle Fontes-Dutra (biomédica), Ana Paula Sabino (jornalista), Natália Pasternak (bióloga- microbiologia), Denise Garret (médica epidemiologista), Margareth Dalcomo (pneumologista), Ana Paula Morales (biomédica).

Liliana Liviano Wahba
Psicóloga
e-mail: lilwah@uol.com.br