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Revista Junguiana 29/1

Revista Junguiana 29 – Morte




revista junguiana 29Morte, Sonhos e Individuação

Sabrina de Souza Magalhães

Carlos Augusto Serbena

A proximidade da morte pode ser considerada um evento singular capaz de propiciar sentidos relevantes e propósitos concretos para o processo de individuação. Sua presença exige um cuidadoso trabalho de avaliação e reconstrução dos sentidos existenciais, tanto de vida quanto de morte. Este artigo busca, por meio do estudo de caso, discutir as repercussões do enfrentamento da morte no simbolismo onírico e sua relação com o processo maior de individuação. Observou-se que os sonhos demonstraram o esforço do Self para integração e maior conscientização da totalidade psíquica do participante, e para uma profunda transformação que atendia aos princípios da individuação pessoal.

 

Enfermedad, Muerte y Transformación

Viviana Osorio Silva

Este artículo hace referencia a tres procesos terapéuticos íntimamente conectados a través de la transferencia y la contra transferencia. El síntoma, la urgencia de la muerte frente al cáncer terminal y cómo el abordaje terapéutico va cimentando las bases de la elaboración de un complejo en los dos casos clínicos a que se hace alusión, como asimismo en el proceso personal de la terapeuta

 

Vínculos Venenosos

Sylvia Mello Silva Baptista

Este artigo explora o tema das relações parentais em seu caráter abusivo e a luta para a quebra de vínculos perniciosos que aprisionam o indivíduo numa repetição interminável. A saúde psíquica é entendida como a possibilidade de saída e desapego dos vínculos venenosos e a reconstrução de novas relações na vida, que levem a pessoa a se conectar com um Self genuíno. Dois filmes e fragmentos de um caso clínico ilustram as colocações.

 

Resiliência no Brejo da Cruz: Sobrevivência e Individuação

Fernanda G. Moreira

Este artigo parte da ampliação dos símbolos existentes na música “Brejo da Cruz”, de Chico Buarque de Hollanda, para chegar a um conceito de resiliência que abarque a subjetividade do processo de individuação. Para tanto, são discutidos os conceitos dos arquétipos da criança divina e da grande mãe, e os aspectos criativos e defensivos do dinamismo patriarcal. O processo de humanização do arquétipo da grande mãe, sendo influenciado pelos pais biológicos ou adotivos, demais cuidadores e fatores ambientais, pode ser ferido pela vivência de miséria ou extrema pobreza. Essa ferida matriarcal seria ampliada pelo encurtamento da infância causado pela entrada precoce no mercado de trabalho. O dinamismo patriarcal, culturalmente reforçado, facilita a adaptação nessas condições adversas, mas traz o risco da patologia psíquica advinda da dissociação da ferida matriarcal. O milagre necessário, nesse caso, seria a integração dialética dos dinamismos matriarcal e patriarcal, a emergência do dinamismo de alteridade para o indivíduo e para a sociedade. A resiliência não se resume à adaptação às exigências sociais, ou à ausência do impacto ao passar por essas adversidades. A resiliência reside na capacidade de, uma vez impactado pelas adversidades, sofrer transformações que, no processo de individuação, resultem mais em crescimento que em deformidade.

 

Jung e as Experiências Mediúnicas

Everton de Oliveira Maraldi

O surgimento da psicologia científica, por volta da segunda metade do século XIX, esteve fortemente ligado ao estudo de experiências alegadamente paranormais, sobretudo experiências mediúnicas. O estudo da mediunidade e da crença numa vida após a morte teria contribuído de modo relevante para o desenvolvimento de certos conceitos e teorias psicológicas, como os conceitos de dissocia- ção, estados alterados de consciência, complexos psíquicos, personalidades secundárias, enfrentamento do luto etc. Dentre os pesquisadores pioneiros da mediunidade estavam alguns dos grandes nomes da psiquiatria e da psicologia, como Carl Gustav Jung. A investigação das experiências mediúnicas parece ter contribuído significativamente na elaboração de parte da estrutura teórica e de pensamento de Jung. Suas pesquisas sobre a mediunidade, por sua vez, constituem uma importante contribuição para a elucidação psicológica do tema. O presente artigo revisa brevemente algumas das ideias de Jung acerca das experiências mediúnicas e explora as implicações de tais estudos para o campo da psicologia analítica e da psicologia de um modo geral.

 

A Morte e a Ressureição do Messias – A Sombra, o Mal e o Anticristo. Um Estudo da Função Ética Pela Psicoogia Simbólica Junguiana

Carlos Amadeu Botelho Byington

O artigo conceitua o arquétipo da sombra, de acordo com a Psicologia Simbólica Junguiana, como o arquétipo do mal, e busca integrá-lo como expressão do arquétipo central, ao lado do arquétipo do bem. A interpretação de Jung a respeito da limitação da imagem de Jeová na relação com Jó é aqui continuada com o reconhecimento do sadismo do Deus patriarcal, que necessita do filicídio sacrificial para transformar-se no Deus da compaixão e do entendimento, pois só assim Ele se tornará a Trindade e expressará o arquétipo da alteridade. Em conclusão, o autor segue Jung na interpretação do Apocalipse como a sombra do Novo Testamento e chama atenção para o fato de o texto ser escrito em nome de Jesus, o que sugere a interpretação, no mito, do símbolo do Anticristo como a sombra de Jesus.

 

O Encontro de Prometeu, Héracles e Quiron – A Morte e o Morrer: Ritos de Passagem

Maria Zelia de Alvarenga

Relato sumário do mito dos três personagens, Prometeu, Héracles e Quiron, como suporte para considerações e leitura simbólica desse momento mítico no qual se coagulam transformações significativas para entender a presença da estruturação simbó- lica da ética em sincronia com a atualização do conhecimento. Para que essa sincronicidade ocorra, é fundamental pensá-la como uma realidade que demanda a morte e o morrer de atitudes irrefletidas, dando nascimento a uma condição de personalidade alicerçada na consciência reflexiva.